Pais cobram explicações da Prefeitura sobre possível caso de “maus-tratos” em creche de Três Pontas

Fato teria acontecido em 4 de maio e foi comunicado ao Conselho Tutelar e à Polícia Civil somente na semana passada depois que os pais tomaram conhecimento do ocorrido através das redes sociais

“Por que os pais não foram devidamente informados no dia do acontecimento, 4 de maio?”

“Por que o Conselho Tutelar e a Polícia Civil só foram avisados na última terça-feira, 6 de junho, depois de 32 dias do ocorrido?”

“Os pais seriam comunicados se o fato não tivesse se tornado público no início da semana passada por meio de redes sociais e de um veículo de imprensa da cidade?”

“O meu filho foi agredido, sofreu maus-tratos ou presenciou cenas de violência contra coleguinhas e crianças de outras salas?”

“Por que não exibem o vídeo para todos os pais, se nós temos este direito?”

Estes foram alguns dos inúmeros questionamentos feitos por pais, mães e responsáveis por crianças do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) “Pedacinho de Céu” durante reunião na manhã desta segunda-feira (12), na sede da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Três Pontas. Indignados e cheios de incertezas, eles buscavam esclarecimentos a respeito de “maus-tratos” que teriam sido praticados por uma educadora do Maternal 1, que atende crianças na faixa dos dois anos de idade.

A ausência de cuidados teria chamado a atenção de uma fonoaudióloga que presta serviços ao Município. Pelas informações passadas na reunião, foi ela quem relatou ter ouvido o grito de uma criança da referida turma e chamado a diretora do CMEI, Samara Andrade Goulart, para conferir as imagens das câmeras de segurança que teriam comprovado o comportamento indevido da educadora.

No encontro desta segunda-feira, o procurador-Geral do Município, Dr. Yves Duarte Tavares, explicou que o fato foi informado pela diretora Samara à secretária municipal de Educação, Mariane Pimenta Silva Ávila, que de imediato afastou a educadora de suas funções no CMEI. Posteriormente, encaminhou toda a documentação à Procuradoria Municipal que, por sua vez, entendeu que o caso era de rescisão contratual, assim, a acusada foi demitida do quadro de servidores da Prefeitura. Disse ainda que a Procuradoria acionou o Conselho Tutelar e a Polícia Civil. E que os pais não foram comunicados por uma questão de “trâmites administrativos”, justificativa que não os convenceu.

Pais cobram explicações da Prefeitura sobre possível caso de “maus-tratos” em creche de Três Pontas
A supervisora Ângela Brito, a diretora do CMEI Samara, o procurador-Geral do Município, Yves Duarte e o prefeito Marcelo Chaves Garcia

Insistentes em seus posicionamentos, os pais discordaram da postura da Administração. Em várias falas acusaram a diretoria do CMEI e a SME de irresponsabilidade por não comunicarem os pais e cobraram o porquê da demora em oficializar o caso à Polícia e ao Conselho Tutelar.

Repetidamente também pediram acesso às imagens do circuito interno de segurança que flagraram os supostos “maus-tratos”. No primeiro momento, o pedido foi negado, mas ao final da reunião, o prefeito Marcelo Chaves Garcia autorizou e um grupo de pais se deslocou diretamente para o CMEI “Pedacinho de Céu” a fim de assistir às gravações.

Na oportunidade, o prefeito Marcelo Chaves enfatizou que a Administração se esforça para oferecer o melhor para a população e que está havendo empenho também neste momento para que os fatos sejam esclarecidos e, se for o caso, pessoas judicialmente responsabilizadas. “Estamos aqui para ouvir vocês e dizer a vocês que as providências foram tomadas. Temos uma lei a ser cumprida e assim foi e será feito”, assegurou.

Pais estão indignados por não terem sido informados sobre os supostos “maus-tratos”. Eles tomaram conhecimento do fato pelas redes sociais

Polícia Civil apura o caso

O inquérito para apurar o caso foi aberto na semana passada pela Polícia Civil de Três Pontas. Segundo o delegado, Dr. Gustavo Gomes, na última terça-feira (6) chegou à Delegacia uma petição do Poder Público Municipal, por meio da Procuradoria-Geral, informando sobre os possíveis “maus-tratos”. O vídeo acompanhava o documento. “Assistindo às imagens é possível comprovar que, de fato, uma educadora se excedeu no trato com as crianças incorrendo, nesta análise primária, o crime de maus-tratos. As investigações seguem. Os vídeos foram encaminhados para a Perícia para identificação pontual de caso a caso. As educadoras que lá estavam, professoras e diretoria do CMEI serão ouvidas. Também serão contatados os pais das crianças envolvidas para que eles possam informar sobre outros possíveis suspeitos. Certeza que se tem é que a suspeita cometeu esses crimes neste dia, mas a investigação avançará para verificarmos se isso aconteceu também em outras oportunidades”, esclarece.

As oitivas começaram hoje (12). Ainda de acordo com o delegado, a investigação tem tempo certo para ser concluída. “Peço calma aos familiares para que a situação – que não é tranquila – não se agrave mais e para que outros delitos, tais como ameaças, lesões, agressões não continuem acontecendo. É importante que a Polícia Civil avance nas investigações como tem feito e conclua o que for possível para que a autora seja responsabilizada pelo que de fato fez”, pontua Dr. Gustavo Gomes.

Delegado de Polícia Civil, Dr. Gustavo Gomes, pede tranquilidade aos pais para que as investigações avancem sem a ocorrência de novos delitos

Uma comissão de pais foi criada para acompanhar de perto o desenrolar dos fatos e para insistir junto à SME que adote medidas para aumentar a segurança das crianças enquanto elas estão sob responsabilidade das profissionais da Educação Infantil.

Participaram da reunião o prefeito Marcelo Chaves, o procurador-Geral Yves Duarte, a diretora do CMEI “Pedacinho de Céu” Samara, a supervisora Ângela Maria de Brito e membros do Conselho Tutelar. A secretária municipal de Educação, Mariane Pimenta, está viajando. Também compareceram os vereadores Luan Donizeti Elias, Roberto Donizetti Cardoso e Professor Popó.

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Conselheiras tutelares esclarecem sobre determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a pedido de pais presentes na reunião