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5 ilusões comuns sobre felicidade no trabalho

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Sorriso: fazer o que se ama é mesmo o suficiente?

São Paulo – “Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida”. Essa famosa frase é atribuída a Confúcio, pensador e filósofo chinês que viveu entre 551 a.C. e 479 a.C.

A citação é antiga, o que só confirma o que já sabemos instintivamente: a busca pela felicidade no trabalho – e na vida, de forma geral – sempre inquietou e provavelmente sempre inquietará a humanidade.

Mesmo atemporal, a discussão está mais presente hoje do que no passado. É o que pensa Alexandre Teixeira, jornalista e autor do livro “Felicidade S/A” (Arquipélago Editorial). Na obra, ele fala sobre o prazer na carreira como uma “utopia possível” para o século 21.

Teixeira “culpa” a geração Y pelo fenômeno. “Quando eu era adolescente, nos anos 80, vivíamos a época da ‘geração saúde’, que trouxe à baila o cuidado com o corpo e com a alimentação”, lembra ele. Agora é a vez da “geração felicidade”, como batiza o jornalista.

“Os jovens de hoje se preocupam muito mais com a busca por uma satisfação íntima com o trabalho”, afirma. Não por acaso, nos últimos 10 anos têm “pipocado” livros, pesquisas, palestras e mesmo conversas informais sobre o assunto, no Brasil e no exterior.

“Como a discussão é recente, a compreensão sobre o tema ainda está amadurecendo”, diz Teixeira. Para ele, isso pode explicar a persistência de algumas ilusões sobre o que é ser feliz no trabalho.

Você acredita, por exemplo, que os chefes são mais realizados do que os seus subordinados? Ou que só trabalha com prazer quem tem negócio próprio? Para Teixeira, ideias como essas não passam de mitos.

Com sua ajuda, listamos alguns equívocos comuns sobre o assunto. Veja a seguir:

1. Fazer o que se ama leva à realização
Segundo Teixeira, muitos livros de auto-ajuda insistem na ideia de que trabalhar com o que se ama é o suficiente para – mais cedo ou mais tarde – se dar bem. “Não é razoável nem honesto fazer uma pessoa acreditar nisso”, diz Teixeira.

Isso porque, segundo ele, ter “brilho nos olhos” não traz qualquer garantia. “Por mais que você adore o seu trabalho, existem outros fatores nessa equação, como grau de qualificação, competências, circunstâncias econômicas, e mesmo sorte”, afirma.

2. A felicidade só vem quando se chega ao topo
Muitas pessoas acham que experimentariam uma realização plena se assumissem a presidência da empresa, por exemplo. Mas, quando a rotina “bate à porta”, todo o prazer trazido por uma promoção se dissipa.

“A realidade não é tão cor de rosa quanto se imagina: conheço muitos executivos que chegaram ao topo e, lá no alto, só encontraram mais estresse e cobrança”, afirma o autor.

3. Só é feliz quem é dono do próprio negócio 
Outra ilusão lembrada por Teixeira é a de que a felicidade no trabalho só é alcançada quando se pode “fazer as coisas do próprio jeito”, ou seja, abrindo uma nova empresa. “Existe muito glamour no mundo das startups”, afirma.

Ele lembra que, no Brasil, a maioria das empresas vai à falência nos primeiros anos de existência. “Esse tipo de iniciativa é muito mais arriscado, tenso e problemático do que parece num primeiro momento”, diz.

4. Certos empregadores são sinônimo de felicidade
Alguns empregadores “perfeitos” povoam o imaginário das pessoas. “Muita gente pensa: ‘No dia em que eu for contratado pelo Google, aí sim serei feliz”, ilustra Teixeira.

Para ele, depositar esse tipo de expectativa em algumas empresas “eleitas” é desaconselhável. “Mesmo que você acabe sendo contratado por quem mais deseja, a euforia de estar no ‘lugar ideal’ é passageira”, explica.

5. Felicidade no trabalho é uma coisa, na vida pessoal é outra 
Teixeira não acredita na distinção clara entre realização profissional e pessoal. “É difícil acreditar quando alguém diz que o trabalho está ruim, mas que o resto vai bem, ou vice-e-versa”, afirma.

Isso porque, segundo ele, o trabalho ocupa uma parte muito grande da vida. “Descobrir prazer no trabalho tem a ver com maturidade, e essa é uma conquista que afeta a vida inteira de uma pessoa”, conclui Teixeira.

(Exame.abril)

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