OutrosQualidade de Vida e Saúde para o trespontano

Começa a safra anual do Marolo

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Fruta típica do cerrado brasileiro, o Marolo ganha adesão de produtores que se preocupam com a possibilidade de extinção do cultivo em Três Pontas

Os trespontanos ganharam o apelido de maroleiros. Isto porque na terra do café, o chão também era fartamente coberto de pés de marolo, fruta nativa, típica do cerrado brasileiro.

Hoje, a produção natural já não é tão abundante por aqui. No entanto, proprietários rurais conhecedores do potencial nutritivo da fruta, valorizadores da tradição e dotados de visão empreendedora decidiram investir no cultivo e incentivar que outros homens do campo façam o mesmo para que o marolo volte a ocupar lugar de destaque na economia, na culinária, na história do Município.

No Quilombo Nossa Senhora do Rosário, por exemplo, agricultores familiares participam do “Projeto Marolo”, iniciativa da organização não-governamental (ONG) Engenheiros Sem Fronteiras (ESF) – Núcleo Lavras (MG). A capacitação, iniciada ano passado, além de motivar o cultivo, aborda beneficiamento e aproveitamento para comercialização.

É justamente do Distrito que vem a maior parte dos marolos que já podem ser encontrados na Cidade. A safra, anual, começou.

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Na hora da compra, consumidor deve questionar procedência, já que o furto em propriedades produtoras é prática comum no Município

Tipicamente, a venda acontece na Praça Dr. Tristão Nogueira (Praça da Fonte), no Centro, mas alguns comerciantes mediante encomendas fazem a entrega direta ao consumidor. Outros mais, percorrem as ruas, transportando as frutas em carrinhos de mão, anunciando em viva voz “maroloooo”, oferecendo de porta em porta.

Foi nestas condições que encontramos FL, de 34 anos. O ajudante de pedreiro, que vive também recolhendo recicláveis, nesta época do ano muda de profissão. O ganho passa quase que exclusivamente a ser gerado pelo comércio da fruta doce, suculenta, perfumada.

O rapaz conta que sua família tradicionalmente cultiva o “Araticum ou Bruto” – como o marolo é também chamado. “A procura está grande, então, espero vender todos estes e os outros mais que virão”, comenta com entusiasmo.

Segundo FL, os trespontanos apreciam o fruto e muitos fazem dele remédios caseiros. Isto porque, revela o ambulante, a fruta pode até prevenir doenças. “Então, é melhor garantir logo porque pode ser que depois não tenha mais”, argumenta o vendedor, reforçando a expectativa de giro rápido.

De acordo com a pesquisa “A Caracterização de e Agregação de Valores a Frutos do Cerrado: Pequi (Caryocar brasiliense Camb.), Marolo (Annona crassiflora Mart.), Gabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e Pitaia (Selenicereus setaceus Rizz.)”, realizada pela Doutora em Ciências dos Alimentos, Andréa Luiza Ramos Pereira Xisto, Professora do Instituo Federal de Mato Grosso (IFMT Cáceres), os frutos nativos do cerrado brasileiro são ricos em vitaminas, minerais e compostos antioxidantes, com consumo indicado para prevenção de doenças como as cardiovasculares. O estudo foi objeto de pós-doutorado da docente na Universidade Federal de Lavras (Ufla).

O marolo pode ser consumido in natura, mas na gastronomia também tem lugar garantido. Ele pode se transformar em doces, geleias, bolos, sorvetes, molhos para acompanhamentos de pratos à base de carnes.

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Frutas que caem dos pés naturalmente possuem maior qualidade

“Infelizmente, muitas plantações nativas desapareceram, mas fico feliz em saber que agricultores daqui voltaram a se preocupar com o cultivo. O marolo é um dos símbolos de Três Pontas e uma fonte de renda para a Cidade que anda com poucas opções de emprego”, analisa FL.

Em média, a fruta está sendo vendida de R$ 8 a R$ 15 dependendo da qualidade e do tamanho. Segundo o ambulante, o ponto ideal de consumo é quando os gomos estão amarelados e a textura macia. A rachadura na casca é mais um sinal de que é hora de saborear.

Alerta

Outro detalhe é que em Três Pontas existem produções agroecológicas, sustentáveis, ou seja, que respeitam o meio ambiente. Os frutos oriundos dessa prática não são colhidos antecipadamente; eles caem dos pés com naturalidade. Além de possuir melhor qualidade, esses marolos têm procedência legal e passam longe do perigo de terem sido furtados de alguma propriedade rural, crime comum que tira o sossego e prejudica financeiramente os produtores que levam o cultivo e a comercialização a sério e que trabalham para evitar a extinção da fruta no Município.

 

 

 

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