Negócios/Empreendedorismo

Empreendimento – Trespontana adentra pelo mundo da saboaria e conquista clientes com sabonetes artesanais naturais

As rodas de conversa são um dos maiores prazeres em terras mineiras. E foi justamente durante um bate-papo que rolou no Pontalete, distrito de Três Pontas, que uma informação mexeu com a curiosidade de Suzi Cardoso de Oliveira. Um amigo contou que o sabão de bola, também conhecido como sabão-preto, resulta de antiga técnica artesanal e que ainda hoje é muito procurado, pois, revelou na animada prosa, tem grandes poderes de limpeza e remoção de males. Também explicou que o sabão de bola é 100% natural.

Desse dia em diante, o interesse de Suzi em relação ao produto cresceu. Em setembro do ano passado, depois de muito pesquisar e, então, conhecer a tradicional metodologia, ela decidiu: “vou fazer sabão bola”. Longos quatro dias se passaram até que o produto saiu do tacho, com resultado excepcional. De novo, ousou: “vou fazer sabonete”. De lá pra cá, foi uma sequência de experiências com alguns tropeços, mas a maioria bem-sucedida. Curiosa, Suzi observa a natureza que a rodeia e dela tem retirado os ingredientes que dão origem aos seus sabonetes artesanais naturais, começando pela extração do óleo de Jerivá, um coquinho muito comum na região. As jabuticabas estrearam no quesito essência. O café, produto agrícola intimamente ligado à história de Três Pontas, veio em seguida.

Suzi extrai da natureza os óleos essenciais e as essências que dão aroma aos seus sabonetes, além de produzir a soda natural através de cinza da queima da madeira (Crédito: SintonizeAqui)

Amando o que já fazia, mas de forma totalmente despretensiosa quanto à comercialização, Suzi deu os primeiros passos “na cara e coragem”, tendo como fator determinante a descoberta do método de extração do óleo natural de Jerivá.  No entanto, responsável e diante do crescimento das encomendas de amigos que eram presenteados com seus sabonetes, ela buscou a capacitação. Aprendeu detalhes, por exemplo, de coloração e aromatização. Foi assim que entrou para o mundo da saboaria, porém, com um diferencial: desenvolve as suas próprias receitas.

Hoje, a empreendedora oferece diversificada linha de sabonetes – em barra, líquido, mousse – inclusive para bebês, idosos, fitoterápicos, e está criando uma linha PET.

Óleo natural e poupa de Jerivá formam a base na qual são acrescentadas flores, raízes, polpas, folhas, sementes… de morango, maracujá, romã, castanha do Pará, outras frutas secas, eucalipto, capim-limão, citronela, camomila, gengibre, canela, hortelã, manjericão, açafrão, enfim, infinitas possibilidades de ingredientes cuja maioria vem da horta caseira. A todo vapor, ou melhor, a toda força do fogão à lenha, Suzi vai aproveitando os nutrientes encontrados na natureza e oferecendo aos seus clientes a oportunidade de usufruir de produtos sustentáveis.

“Eu queria que as pessoas percebessem a diferença do sabonete industrializado para o natural. O natural limpa sem tirar a hidratação natural da pele, que fica nutrida, macia. Além de não agredir pele e cabelo, tem fins terapêuticos e ajudam a tratar problemas dermatológicos, tais como, alergias, brotoejas, seborreia, caspa. O sabonete de melão-de-são-caetano, por exemplo, é usado para tratamento de feridas, de queimaduras. Os perfumes são suaves e estudos indicam que, devido aos óleos essenciais principalmente, o sabonete natural alivia a tensão e, entre outros benefícios, traz a sensação de bem-estar. Esses sabonetes não poluem o meio ambiente, já que a espuma é naturalmente biodegradável”, dispara ao focar nas vantagens. Ainda na comparação, cita o prazo de validade: “um industrial dura anos, os meus – naturais – duram seis meses porque não têm os conservantes que são prejudiciais à saúde”.


Sabonetes naturais são diferenciada opção para uso diário, fins terapêuticos, presentes, lembrancinhas de maternidade e cerimônias, tais como, de noivado e casamento


Suzi Oliveira explica que a soda natural que vai em seus sabonetes vem das cinzas da queima da madeira.  O método de extração “diocada” é um processo de saboaria utilizado pelas lavadeiras do rio São Francisco, o mesmo que origina o sabão de bola. Transparente no que faz, ela revela que, dependendo da formulação, pode haver necessidade de soda tradicional, porém, tranquiliza, a quantidade é balanceada, suficiente apenas para a saponificação e é calculada segundo a “Mentrulandia”, método internacional de controle.

Na Saboaria Natural Suzi, é possível encontrar alguns sabonetes de pronta-entrega, mas a empreendedora prefere as encomendas, se possível com prazo mínimo de 15 dias. “Assim, posso produzir um sabonete específico, de acordo com o gosto e a necessidade da pessoa, ou seja, natural, artesanal, personalizado, exclusivo – e acatando algo muito importante: o tempo. Os aromas, extraídos da natureza, são utilizados conforme o tempo de maturação de cada um deles. Saboaria natural exige respeito à natureza e paciência”, conta.

O cliente recebe todas as informações a respeito dos benefícios de cada produto e a embalagem, que segue a linha naturalista, é charmoso complemento.

Amigas e amigos de Suzi Oliveira deixaram de utilizar os sabonetes tradicionais e passaram a se interessar pela saboaria natural

 

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