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Cine Debates são concretizados com envolvimento satisfatório

A comunidade trespontana teve duas grandes oportunidades de conversar sobre alguns problemas vivenciados Brasil a fora e que fazem parte também do cotidiano do Município embora algumas vezes discretamente ou sob a sombra do silêncio. Apesar de a Cidade ser – aos olhos de muitos – interiorana, pacata, privilegiada em vários aspectos não possui uma redoma que a proteja contra certos males, por exemplo, preconceito, alienação das mídias, uso irracional dos recursos naturais e violência.

Preocupados com o comodismo que favorece a acentuação de atitudes degradantes, dois segmentos locais decidiram abordar esses e outros assuntos através de Cine Debate. Visualizá-las por meio da arte, compartilhar experiências, trocar ideias se tornariam instrumentos para acréscimo de conhecimento e possível mudança de atitude. Consequentemente, pensaram os realizadores, poderiam levar à formação de bases que ajudem na edificação de uma sociedade mais igualitária, mais justa, melhor. 

Na tarde de sábado (7), o Coletivo Juventude Que Levanta e Ousa concretizou o Cine Debate iniciado com a animação “Uma História de Amor e Fúria” (Luiz Bolognesi). A mediação foi de Marco Azze, Professor titular do Centro Universitário do Sul de Minas (Unis-MG) e que atua também em pesquisas sobre temas de relevância na área das Ciências Sociais.

Aproximadamente 50 pessoas compareceram. “Foi um debate muito bom, saudável, com opiniões bem definidas e com ótimo desempenho”, avalia Bruno Máximo, integrante do Coletivo.

O filme retrata o amor entre um herói imortal e Janaína, a mulher por quem é apaixonado há 600 anos. Como pano de fundo do romance, o longa ressalta quatro fases da história do Brasil: a colonização, a escravidão, o Regime Militar e o futuro, em 2096, quando haverá guerra pela água. Então, houve gancho para a abordagem, dentre outros, da exploração da mão de obra ainda tão atual mesmo que camuflada; do preconceito lançado historicamente e que persiste sobre os negros, se estendendo à comunidade LGVT e a outros grupos sociais; abordagem da história do café no Brasil.

“Me surpreendi ao constatar que muitas pessoas não sabiam que havia trabalho escravo por traz da cultura cafeeira que gerou tantas riquezas para o País e que ainda hoje é orgulho do nosso Município. Deveriam ter aprendido isso nas aulas de História e através de leituras que deveriam ser incentivadas não só pelas escolas, mas pelas famílias também”, observa Bruno Máximo.

As entrelinhas que existem nos movimentos e lutas; o machismo e a condição da mulher nos dias atuais e ainda a necessidade de reverter o quadro que culminou na atual escassez de água estiveram em pauta.

No geral, os participantes avaliaram o Cine Debate como instrutivo-construtivo.

Violência Contra a Mulher

Na noite de domingo (8), foi a vez da Frente Feminista de Três Pontas (FFTP) dar a sua contribuição. O grupo, nascido em dezembro de 2014, escolheu o curta-metragem “Maioria Oprimida” (Eléonore Pourriat) para o primeiro trabalho oficial em prol das mulheres do Município.

O público, de cerca de 20 pessoas, entendeu a importância de participar de eventos como aquele, de integrar o momento para aprender e colaborar com outros a partir de relatos e do lançamento de ideias, de sugestões.  

Embora o tema – Violências Contra a Mulher – tenha sido proposital, mediante os inúmeros casos registrados em Três Pontas, inclusive contra crianças e adolescentes, nenhuma autoridade ou liderança ligada ao assunto se deslocou até o Centro Cultural Milton Nascimento. Policiais civis e militares, conselheiros tutelares, assistentes sociais, psicólogos, entre muitos outros, poderiam ter enriquecido o evento (já que lidam constantemente com violências praticadas contra as mulheres), principalmente, por ser jovem a maioria lá reunida.

Mas, se uns não podem (ou não querem), outros fazem. E a Frente Feminista começou a cumprir o seu papel. O Cine Debate fluiu com produtividade, cumprindo a meta de levar conhecimento, esclarecimento, sensibilização, conscientização sobre as violências, sobre direitos.

“Fiquei surpresa porque muitos achavam que violência é só quando encosta, quando há contato físico. Eu estava no palco e vi as reações. Para mim ficou claro o espanto das pessoas ao descobrirem que um ‘psiu, um fiu-fiu’ também são violências”, relata Luana Luz Reis, da FFTP.

A condução do Cine Debate levou à interação constante. “Você acha que ‘gostosa’ é elogio? Você tem um irmão do sexo oposto e percebe a diferença na criação entre os dois?” estiveram entre as perguntas lançadas para a plateia. Mais espanto por parte dos jovens quando houve a percepção que distinguir homem e mulher ainda que na fase de desenvolvimento da criança e que certos “analtecimentos” são na verdade formas de violência, de desprezo, de desrespeito.

O comportamento do público evidenciou a necessidade de expansão das orientações, consequentemente, comprovou que o trabalho daquela noite foi válido.

Inversão 

“Maioria Oprimida” acompanha um dia na vida de Pierre, desde o momento em que ele sai do seu prédio, deixa o filho na escola paternal e sofre assédio, estupro e ainda precisa lidar com a insensibilidade das autoridades e da esposa.

O curta-metragem supõe uma sociedade dominada por mulheres na qual os homens são submetidos a assédio sexual, múltiplas violências, diminuídos nas suas capacidades entre outras situações que a mulher não fictícia conhece bem.

 (Foto página principal: Ilustrativa Net).

 

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