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Exclusivo – Após férias, Lindsay Funchal retorna para trabalhos na Alemanha

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(Roseane Daré Fotografia)

Ela é jovem, bonita, educada, inteligente, destemida, responsável, compromissada. Com todas estas e muitas outras qualidades não podia resultar em outra coisa, senão sucesso.

Há seis anos, Lindsay Funchal mora em Dresden, na Alemanha, e é presença confirmada em grandes eventos culturais do País Europeu. Desde 2012, participa como convidada em opereta – itinerante, bastante interativa na qual é servido, inclusive jantar para o público. A Soprano interpreta Klärchen e Piccolo.

“Nesta opereta há muito texto e tudo em alemão. Faço um papel diferente, de menino, e a gente se apresenta em várias cidadezinhas, portanto, o público também nunca é igual. É bem legal. Sou a única estrangeira e eles acreditaram em mim”, comemora Lindsay. O trabalho em Im Weißen Rössl vai até o final deste ano.

A voz marcante ressoa também em outros espaços. Em 2013, por exemplo, ela fez um pequeno papel em As Bodas de Fígaro (Mozart) quando teve a oportunidade de substituir uma colega, se tornando Susanna. A personagem, noiva de Fígaro, é o ponto máximo da história da ópera mundial e Lindsay seguiu como protagonista por toda a temporada.

“Interpretar Susanna foi muito importante. Com certeza, me dá credibilidade e vai abrir caminhos. Quando outros souberem, vão me deixar fazer novos grandes papéis”, acredita.

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Lindsay canta Susanna em As Bodas de Fígaro, maior personagem da história da ópera

Entre as boas experiências profissionais no exterior, Lindsay Funchal cita também a presença em um concerto ao ar livre realizado em julho por uma TV alemã. Ela esteve entre os artistas como Solista, acompanhada de grande orquestra. O evento foi transmitido ao vivo, mais uma chance que a cantora teve de apresentar seu talento.

Depois de rápidas férias em Três Pontas – tempo para diminuir um pouco a saudade de casa, dos familiares, da comidinha mineira e para ‘recarregar a bateria’ – Lindsay embarcou nesta sexta-feira (9) rumo à Dresden. Chegará em casa amanhã e já no domingo (11) retoma os trabalhos na opereta.  

Na agenda estão ainda várias audições – pelas quais pretende conquistar mais palcos de teatros europeus – estudos e ensaios. No dia 3 de março, a Solista começará a preparação cênica para mais uma ópera e precisa estar com a parte musical bem decorada e afinada.   

Dos compromissos firmados para este 2015, ela cita um tradicional concerto ao ar livre, em Berlim, marcado para 3 de julho, para o qual são esperadas 6.000 pessoas. “Estou bem ansiosa por esta apresentação. São músicas lindas e uma grande orquestra”, revela a Soprano, cheia de entusiasmo.

Embora premiada em solo brasileiro e internacionalmente e ainda que seu nome se destaque entre profissionais da ópera do momento, Lindsay mantém singular simpatia e humildade. Diz que está apenas começando.

“O reconhecimento na área musical é muito difícil. Ser brasileira, mineira do interior, estar lá recebendo convites para óperas, muitas delas em alemão, é sinal de que eles sabem que dou tudo de mim, que estudei, aprendi o idioma deles, que estou batalhando para conseguir mais do que isso. Vejo tudo como um presente, mesmo porque, são tantos cantores que chegam de várias partes do mundo, sem contar os alemães que já estão lá. Estou muito feliz pelo que conquistei até agora”.

A trajetória

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Persongem Karolka / Ópera Jenufa de Leos Janácek

A Soprano nasceu em Poços de Caldas (MG) e desde pequena teve contato com a arte. Na família materna há músicos, entre eles, tios violonistas e um amante de ópera.

Mas foi em Três Pontas, terra natal de seu pai, de Milton Nascimento, de Wagner Tiso e de tantos outros talentos, que ela conheceu as primeiras notas e aprimorou o amor pela música. Aos 11 anos, depois de presenteada por um dos tios com violão, foi matriculada no Conservatório Municipal de Música Heitor Villa-Lobos. O departamento da Prefeitura, recorda Lindsay, era muito divulgado e todos queriam uma vaga por lá. “Fiz aulas de violão e violino. Moramos aqui três ou quatro anos e foram os melhores da minha infância”.

A família se mudou para Ouro Preto onde não havia professores de música, o que interrompeu temporariamente os estudos da menina. No entanto, Lindsay foi aprovada em audição e passou a integrar um coral da cidade histórica. O maestro, Amin Feres, estudou na Alemanha e teve sensibilidade suficiente para perceber que a voz da jovem se encaixava perfeitamente em ópera. Lindsay conta que na época tinha dúvidas sobre qual profissão escolher. Além do incentivo, o maestro ensinou a ela pronúncias de várias línguas (hoje Lindsay é poliglota e também pianista) e a dupla começou a trabalhar um repertório para prova. Foram seis meses de preparação até o vestibular da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), em Belo Horizonte, quando ela entrou para o curso superior.

Com a morte de Feres, em 2006 – ano da formatura de Lindsay – a estudante foi “adotada” pela professora lírica Neyde Thomas, em Curitiba (PR), que carregava importante bagagem artística. Entre os feitos, Neyde cantou ao lado de importantes nomes, tais como, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo, Cezare Siepi, Alfredo Kraus e Montserrat Caballé.

Em 2007, do Sul do Brasil, Lindsay Funchal partiu para a Alemanha em busca do mestrado. Lá ficou por seis meses, mas devido à pouca idade perdeu a única vaga e retornou ao Brasil. Novamente ao lado de Neyde Thomas, se aprimorou.

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Personagem Taumann / Ópera Hänsel und Gretel de Humperdinck

A professora faleceu em 2011, portanto, teve tempo de ver a persistente Lindsay voltar à Alemanha, em 2010. “Foi muito difícil. Tive que aprender melhor o alemão, acostumar o ouvido e fazer um repertório para a prova. Foi um ano de adaptação”, recorda Funchal.

Em 2011, o sonhado mestrado entrou para a vida de Lindsay, através da Escola Superior de Música Carl Maria Von Weber, em Dresden, cidade onde ela ainda reside. O curso foi concluído em julho de 2013, desde então, a poços-caldense com raízes também trespontanas – trabalha como cantora autônoma e é sempre convidada por vários teatros da Alemanha como Solista.

“Agradeço a Três Pontas e ao Conservatório pela oportunidade que me deram de conhecer e estudar música. Gostaria de encorajar os alunos que pensam em fazer da música uma carreira profissional, que eles se esforcem ao máximo porque não é fácil, tem que gostar mesmo, mas é gratificante”, finaliza.

Lindsay nunca se apresentou em solo trespontano, exceto na infância enquanto estudante de violino quando participou de evento com a Orquestra do Conservatório e mais recentemente durante reuniões da família quando não consegue fugir à tão pedida “palinha”. Mas há planos. A Soprano analisa a possibilidade de voltar em breve ao Brasil e realizar na Capital Mundial da Música um concerto. Ela já pensa em praça pública para que todos tenham acesso ao gênero artístico pouco difundido na cultura local. 

 

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