Mais de 800 trespontanos deixam seus cães e gatos circularem nas ruas sem tutela: ‘Saúde’ iniciará castração

Jessica Mesquita Silva

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) promoverá a castração de animais depois de constatar que dos 13.496 cães e gatos que estão sobre a tutela de trespontanos, 855 saem às ruas do município sozinhos. A princípio, será feita uma triagem e encaminhamento de animais para a castração. A expectativa é de que esta primeira etapa comece no próximo dia 15 (quinta-feira). A esterilização dos animais será realizada em parceria com uma ONG.

De porta em porta: levantamento mostra necessidade de intervenção imediata

De acordo com o médico veterinário da Vigilância Ambiental – setor da Secretaria Municipal de Saúde – Marcelo de Figueiredo Gomes, a precisão dos números só foi possível depois que agentes de Controle de Endemias “bateram de porta em porta” e entrevistaram moradores da área urbana de Três Pontas.

O levantamento foi feito de outubro a dezembro do ano passado. (Confira a seguir os dados obtidos)  

Castração em massa deverá começar pelo bairro mais novo da cidade, o Residencial Jardim das Esmeraldas

Onde começa?

O veterinário Marcelo Gomes informa ainda que a primeira localidade a receber a castração será o Jardim das Esmeraldas. A expectativa é de que até o dia 30 de maio 100% das gatas e cadelas do bairro estejam esterilizadas. “Em seguida, o programa irá para outras regiões de Três Pontas”, diz.

Além de controlar o número de animais nas ruas, o projeto espera: diminuir os acidentes com mordeduras no trânsito, os casos de maus-tratos, os casos de abandono de cães e gatos, a contaminação ambiental com lixo, fezes e urina de animais, aumentar a participação das associações de bairro nas questões ambientais e de saúde e melhorar os cuidados sanitários.

Se tudo der certo, até o fim do ano, um total de 400 animais já estará esterilizado. “Ou seja, serão 40 castrações por mês”, ressalta.

Problema: mais de 800 donos contam que seus animais saem às ruas constantemente, sem tutela

Esterilização é eficaz para a diminuição de vários problemas relacionados à proteção animal e social. Na foto de arquivo, uma cadelinha que procriou no Cemitério Municipal

Entre os problemas constatados durante o diagnóstico populacional e sanitário estão: baixo índice de cães e gatos esterilizados e excessivo número de cães com acesso às ruas sem a presença do responsável. “Oitocentos e cinquenta e cinco, isso mesmo, 855 proprietários contaram que seus cães saem às ruas regularmente sem tutela”, informa Marcelo Gomes.

Além disso, a pesquisa aponta que um maior número de animais domésticos está presente em bairros com menores índices sócio-econômicos. Outros problemas observados foram: baixa cobertura vacinal contra viroses que acometem os animais, baixo nível de informação da população sobre cuidados e grande quantidade de animais provenientes da zona rural soltos em bairros da área urbana.

Incômodos

A presença da ração e da água nas calçadas têm gerado incômodos na vizinhança. O veterinário Marcelo Gomes explica que as pessoas reclamaram de urina, fezes e do aumento de acidente com mordidas de cães. “Tivemos um aumento de 25% de acidentes nos últimos cinco anos.” 

Mudando o atual quadro

Com o programa de castração, Marcelo Gomes espera que a população fique mais consciente em relação ao tema. Ele conta que a temática será abordada em escolas e divulgada na mídia.

Gatinhos colocados para adoção em rede social. Espécie também será alvo de atenção, segundo o projeto

Haverá também incentivo à adoção de animais domésticos, conscientização da população sobre o manejo e disposição adequada do lixo, identificação e registro dos animais domésticos e elaboração de legislação municipal.

“Nenhum projeto de controle de população de animais domésticos tem a pretensão de resolver a questão em curtos espaços de tempo. Esta somente virá com a conscientização da sociedade para posse responsável dos animais e o entendimento de que os animais não são objetos descartáveis”, finaliza.