Atingidos no coração: velório marca dias mais tristes da vida em Chapecó
Por GloboEsporte.com*Chapecó, SC
“A sensação que temos é de que eles apenas estão voltando de viagem e vamos poder abraçá-los”. “Estamos feridos de morte”. “Fomos atingidos no coração”. Três frases ditas por anônimos moradores de Chapecó e adoradores da Chape que resumem bem o clima de comoção que envolve o velório das 50 pessoas cujo os corpos foram transportados para o município do estado de Santa Catarina. A previsão é de que o cortejo que será feito em carros dos Bombeiros saia do Aeroporto Serafin Enoss Bertaso, neste sábado, por volta de 10h (de Brasília) rumo à Arena Condá, onde são esperadas 100 mil pessoas.
– Já imaginou que seu filho está em lugar longe, que você não pode abraçar, vai chegar em um caixão lacrado?! E você vai ficar de longe vendo ele, não vai poder olhar no rosto nunca mais? Isso é terrível – afirmou Dona Ilaíde, mãe do goleiro Danilo, ídolo da torcida da Chape que morreu na queda do avião.
Funcionária da Chapecoense arruma flores decorativas sob distintivo da Chape, na Arena Condá (Foto: Felippe Costa)
Desde a madrugada de terça-feira, dia do terrível acontecimento, Chapecó chora a morte dos seus guerreiros. A cidade de cerca de 200 mil habitantes sucumbiu à tristeza. São lágrimas, luto e solidariedade entre todos. Foram os dias, os capítulos, a história mais triste da “Capital do Oeste” que completará 100 anos de fundação em 2017.
Depois da tragédia, ainda na terça-feira, o povo saiu às ruas de Chapecó. Lotou a catedral para rezar, saiu em procissão pela cidade e encheu a Arena Condá aos gritos de “é campeã”. Na quarta-feira, o dia marcado para primeira partida da final da Copa Sul-Americana diante do Nacional de Medellín, missa e vigília; dor e emoção; familiares, amigos e uma torcida que chorava, exaltava a Chape e os “guerreiros” mortos no acidente.
Toda a indefinição sobre quando aconteceria o translado dos corpos da Colômbia para o Brasil, só fez aumentar o sofrimento, dor e angústia. Após quatro dias de espera para as famílias, chega a difícil hora da despedida no gramado da Arena Condá. O palco de alegrias tão intensas quanto recentes nunca recebeu tantas lágrimas. Mais do que nunca, o povo catarinense precisará ser muito forte.
Aeronáutica Civil da Colômbia presta condolências aos mortos na tragédia (Foto: Aeronáutica Civil da Colômbia)
Logística (horários previstos podendo sofrer alterações)
Chegada do primeiro dos três aviões ao aeroporto Serafim Enoss Bertaso: 9h
Protocolo de recebimento dos corpos: 10h
Cortejo até a Arena Condá, em três caminhões abertos: 11h
Distância do trajeto: cerca de 10 quilômetros
Chegada ao estádio e início do velório para familiares: 12h30
Capacidade para torcedores no estádio: 19 mil pessoas
Dois telões instalados: um atrás da Ala Sul, outro atrás da Ala Norte do estádio
Duração do velório coletivo: duas horas
Pessoas no gramado: 2 mil, identificadas com pulseiras
Expectativa de público nos arredores da Arena Condá: 100 mil pessoas (torcedores só poderão circular pelas arquibancadas)
* Participam da cobertura em Chapecó: Amanda Kestelman, David Abramvezt, Diego Madruga, Janir Júnior e Felippe Costa