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À frente: ONG Pelo Amigo e Prefeitura de TP investem na Castração em Massa

ONG Pelo Amigo LogomarcaDe julho a dezembro de 2015, foram realizadas 360 castrações em cães e gatos que vivem nas ruas de Três Pontas ou que moram com famílias carentes do Município. O balanço foi recentemente apresentado ao Prefeito Paulo Luis Rabello (PPS) pela ONG Pelo Amigo. De acordo com a Presidente, Ana Cláudia Brito Abreu, o trabalho só foi possível, graças à subvenção vinda dos cofres da Prefeitura. Na mesma previsão orçamentária ficaram garantidas verbas para cobrir as despesas de outros 240 procedimentos que, aliás, já estão acontecendo neste novo ano. O montante assegura, portanto, a sequência do Plano de Castração em Massa.

“Estamos muito felizes porque Três Pontas saiu na frente”, começa Ana Cláudia. Ela explica que a iniciativa vai ao encontro da Lei 21.970, de 15 de janeiro de 2016, sancionada pelo Governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). A nova legislação estabelece medidas de proteção, identificação e controle da população de cães e gatos no Estado, além de definir normas para comercialização, guarda e a prevenção de zoonoses. As medidas são consideradas um avanço e algumas competências serão transferidas para os municípios. Para ser cumprida, a Lei prevê as parcerias entre entidades públicas e privadas, o que já vem acontecendo para a efetivação do referido Projeto.

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Reprodução descontrolada é o pivô do sofrimento dos animais que vão parar nas ruas de Três Pontas, por isso, a castração é o primeiro passo – conforme visão dos voluntários da ONG

Fundada em 2010, a Associação Trespontana de Proteção Animal (que antes tinha o nome fantasia Amor Animal, agora Pelo Amigo) precisou fazer escolhas, já que os recursos humanos e financeiros são poucos diante da demanda, por exemplo, de resgate, imunização e esterilização. Um comportamento típico do protetor é querer atuar em tudo: no acolhimento, no salvamento de cães e gatos em situação de risco. “No entanto, percebemos que a cada real gasto no recolhimento, deixa-se de investir no ponto que origina todo o sofrimento, toda a vulnerabilidade do animal, ou seja, a reprodução descontrolada. Assim, ao longo desses quase seis anos, tivemos que fazer a opcão pela política de castração, que agora passa a ser uma exigência em Minas”, comemora Ana Cláudia.

Graças à parceria dos poderes Executivo e Legislativo, em Três Pontas, a subvenção direcionada à ONG Pelo Amigo garante o pagamento dos serviços prestados pelo veterinário e dos materiais usados na castração.

Segundo Ana Cláudia, vários municípios já entraram em contato com a ONG, a fim de saber como a Organização conseguiu implantar a ação e está mantendo o serviço. A resposta, revela a Presidente, está justamente em poder contar com boas parcerias.

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Ana Cláudia Brito Abreu
Presidente da ONG Pelo Amigo de Três Pontas

Ana Cláudia, cada castração concretizada é uma vitória para os protetores. Mas algum caso se destaca no trabalho realizado?

Nós encontramos uma senhora de idade avançada, já debilitada, com 80 gatos em sua casa. Isso na Rua Brasília, que fica no Bairro Padre Vitor. A procriação descontrolada gerou uma situação deplorável. Gatos adultos comiam os filhotes e a senhora não conseguia fazer a higiene do local. Aplicamos praticamente um mês de recursos da subvenção para resolvermos a principal causa dos problemas detectados não só nesse caso descrito: nós investimos no controle da população por meios éticos, quer dizer, pela castração. Nessa casa, nós tivemos o privilégio de resolver o crescimento desordenado dos gatinhos, graças à parceria. Foi um caso que marcou a nossa caminhada até aqui.

Você afirma que ainda há recurso para 240 castrações. E depois que essa verba acabar?

Nós fizemos a prestação de contas, aprovada, e acabamos de assinar mais um ano de convênio, através de subvenção, com recursos da Prefeitura. Estamos confiantes que o processo de repasse da subvenção vai continuar porque precisamos desse dinheiro para ajudar os animais e para ajudar a comunidade nesse problema da superpopulação de cães e gatos. Nós acreditamos que a Administração continuará ao nosso lado, até mesmo porque nossa Cidade já trabalha uma questão que, a partir de agora, será exigida em nível estadual.

O Plano de Castração em Massa da ONG Pelo Amigo já se torna exemplo para outras localidades que serão obrigadas a implantar o serviço e esse destaque, essa vitória, como eu disse, só foi e será possível com o apoio do Poder Público.

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Cadela Princesa foi abandonada na Cidade; depois acolhida em lar temporário, castrada e adotada. É apenas um exemplo de sucesso das ações da ONG

As castrações estão acontecendo somente na região urbana ou se estende também às localidades rurais?

Nós priorizamos a região urbana, mas já registramos castrações de animais da zona rural e disponibilizamos o serviço para o Pontalete. Nós já temos o alvará da Prefeitura em relação ao Castramóvel, que nos permitirá realizar o procedimento em maior escala na zona rural. Mas ainda não temos a licença do Conselho Regional de Medicina Veterinária. Sempre usamos carros de voluntários para o transporte dos animais a serem castrados. Agora, a ONG Pelo Amigo foi beneficiada com um veículo, que facilitará o cumprimento de metas. Nossa ideia é fazer mutirões e oferecer castração a esses animais nas propriedades rurais.

Os trespontanos estão cientes da escolha da ONG em atuar, primeiro ou principalmente, no controle ético da população animal?

Para a diretoria de uma ONG sobreviver, ela precisa ter lisura na sua administração e também saber dizer não. Temos que passar por um crivo de várias instâncias. Nós já recebemos muitas críticas, como se nós fôssemos responsáveis por resolver problemas que estão aí há décadas. Hoje, nós contamos com maior compreensão da sociedade. Hoje, a gente percebe que as pessoas entendem melhor que tivemos que optar por um foco, que é a castração.

E por que, primeiro, a castração?

A castração dará sentido a qualquer outra prática. A partir do momento em que o serviço existe, acessível do ponto de vista financeiro, é que a gente pode exigir, por exemplo, a posse responsável.

O engajamento da população está sendo para nós uma surpresa. Não fizemos divulgação do Plano de Castração em Massa porque tivemos medo de formação de demanda além da quantidade disponível de atendimento mensal e, ainda assim, o cidadão trespontano tem nos procurado e se interessado pela ação. A adoção é outra prática que está sendo muito propagada como uma solução para a superpopulação de cães e gatos.

Um animal castrado tem outro status. Pela Lei, os cães e gatos que não estão recolhidos em um abrigo ou não têm dono, mas criaram laços e vínculos com pessoas da cidade, passam a ser chamados de animais comunitários. E esses animais comunitários, quando castrados, ganham maior chance de serem adotados porque alguém – que não queria se comprometer diante da possibilidade do bichinho ter filhotes, com medo de como cuidar de uma possível ninhada – se abre à adoção porque sabe que não terá preocupação com a reprodução indesejada. Também, com a castração, esse animal estará livre de muitas doenças.

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Cão comunitário “Choquito, Chocolate”, já castrado. Na foto, ele aparece no quintal de uma residência, mas gosta mesmo de passar seus dias nas praças de Três Pontas, principalmente na “Fonte”

Ana Cláudia, em relação aos cães comunitários, a ONG aprova a alimentação, como a gente tem visto pela Cidade, em praças e calçadas?

Têm pessoas que não gostam de ver cães morando em suas ruas. Isso não quer dizer que essas pessoas não gostem de cachorros, então, não é preciso criar conflitos em relação a isso. Todos nós queremos a mesma coisa: que cada animal doméstico tenha um lar, tenha dono responsável.

O fato de existir cães comunitários, errantes – que são aqueles que não fixam moradas em determinada rua ou praça – ou não, o que a gente pede é que o morador cuide também da limpeza. Isso porque o vizinho dele, que não está tão consciente ou envolvido com a causa, não tem obrigação de conviver com os dejetos, com as consequências e isso cria uma indisposição entre as pessoas. Um animal comunitário, principalmente o cão, por instinto começa a ficar dono da rua, então, a gente pede para não cuidar de muitos, de mais que dois, para não virar matilha e uma ameaça ao direito de ir e vir das pessoas.

E quanto ao recolhimento? Ainda existe a ideia de que é dever da ONG retirar os cães e gatos que vivem nas ruas da Cidade?

Ainda existe, mas, a cada dia, os nossos conterrâneos estão mais cientes de que não temos dinheiro para isso. Então, nós sugerimos as campanhas pelas redes sociais e temos conseguido vários amigos que cuidam, oferecem lar temporário, até que o animal seja castrado e conduzido para a adoção responsável.

A gente observa que a prática de recolhimento em canil  tende a acabar, porque a condição de vida do animal em cativeiro é ruim. Os animais ficam expostos à contaminação, à falta de carinho. Assim, eles adoecem, têm depressão. Sabemos que a vida na rua também não é o desejável porque o animal está exposto a vários tipos de riscos.

Acreditamos que, com o controle populacional, via castração, possamos ver cães e gatos comunitários sendo cada vez mais raridade em nosso Município e vão disputá-los aquelas pessoas que realmente gostam e que queiram cuidar, que estejam comprometidas com as necessidades, com os desejos, com as urgências dos animais aí por uns 12 anos, que é a média de vida de um animal doméstico.

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Presidente da Pelo Amigo TP, Ana Cláudia, contabiliza parceria entre a Organização e Poder Público; iniciativa já serve de base para outras cidades da região

A ONG Pelo Amigo tem demonstrado garra, encarando os mais diversos desafios em nome da causa animal. Como você disse, iniciando ações que buscam resolver problemas instalados há muito tempo. Hoje, existe o apoio da Administração. O que vocês esperam do futuro, já que estamos em ano de eleições municipais?

Os problemas dos cães e gatos em Três Pontas se acumulam justamente porque não houve sequência de ações voltadas para a causa. Alguns passos até foram dados, mas eram paralisados na gestão seguinte e tudo voltava à estaca zero. O que a gente pretende a partir de agora é sensibilizar o gestor, seja ele quem for, que 60 castrações/mês – desde julho de 2015 – é uma conquista do cidadão, do Município e que essa vitória não pode, a partir de agora, ser interrompida. É ela que dá  sentido e sustentacão a qualquer outra prática, conforme expliquei. 

Ana Cláudia, você menciona que a verba do Município assegura o pagamento do Veterinário Parceiro. Quem é que está de mãos dadas com a ONG nesse Plano de Castração em Massa?

Nem todo profissional da Medicina Humana se especializa na área de cirurgia e o mesmo acontece com o profissional da Medicina Veterinária. Quando começamos a elaborar o Projeto, nós convidamos todos os veterinários da Cidade que tínhamos conhecimento de estarem realizando procedimentos cirúrgicos. Somente a Dra. Maíra Corrêa Miari se interessou, mas continuamos abertos às parcerias com outros profissionais que possam vir a se engajar no Plano de Castração.

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Em Minas: Lei que protege cães e gatos está sancionada

De que forma a população trespontana pode colaborar com o Plano de Castração em Massa?

Estamos apresentando o serviço à sociedade e estamos à espera do engajamento. Temos limite, temos fila de espera porque são 60 castrações mensais. Esse número corresponde à possibilidade da nossa parceira veterinária abrir mão do espaço da clínica e é também o que prevê o nosso orçamento. Nós pedimos que as pessoas se engajem nessa ação de divulgar os benefícios da castração – não só para evitar a procriação – mas também evitar vários tipos de doenças relacionadas à cio, aos órgãos reprodutores, comuns ao longo da vida  do animal.

Percebemos que ainda existem pré conceitos sobre prejuízos que a castração pode trazer, mas são mitos. Geralmente, os benefícios da castração são incalculáveis, já identificados pela Ciência. Querer a procriação de um animal de raça para comercialização de filhotes, não deixa de ser exploração indevida da vida animal e um risco – caso não consiga vender todos os filhotes e para cobrir os custos envolvidos – além de estimular a discriminação dos animais sem raça definida, os vira-latas, à espera de um lar.

A Lei, recentemente aprovada pelo Governador Pimentel, prevê um trabalho de identificação do animal. Isso facilitará o combate ao abandono e ainda a localização do dono em caso de fugas?

Com certeza. E nesse sentido Três Pontas também está à frente. Nós, da ONG Pelo Amigo, já temos o projeto de introdução do chip de identificação subcutâneo. Já estamos fazendo levantamento de custos e de recursos porque o dinheiro da subvenção que recebemos da Prefeitura é exclusivo para castração.

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ONG atua em três linhas: conscientização, castração e adoção

Considerações finais.

Nós da Pelo Amigo TP agradecemos à Administração Municipal, na pessoa do Prefeito Paulo Luis. Também ao Vereador Popó (PPS), nosso companheiro de luta, e aos demais legisladores que votam favoráveis ao repasse que assegura o Plano de Castração em Massa, que favorece não só ao animal, mas à população.  Agradecemos ainda ao Deputado Estadual Noraldino Junior (PSC) que, por reconhecimento de nossos esforços, repassou à nossa ONG, via emenda parlamentar, recursos para a aquisição de um veículo. Esse carro já começou a ser usado no transporte de cães e gatos até o consultório veterinário para o procedimento de esterilização. Não posso deixar de citar a Dra. Maíra Corrêa Miari, responsável por apresentarmos à sociedade e aos seus representantes, números tão significativos, com selo de qualidade aprovado pelos donos dos animais submetidos ao procedimento cirúrgico. É muito bom ter grandes parceiros e nessa lista está também o Sintonizeaqui. Obrigada a todos.

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