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Iniciativa exemplar – Produtor rural de Três Pontas investe em reflorestamento para recuperação de nascente

Acostumado a ver a água fluir naturalmente, e com abundância abastecer a casa, matar a sede das lavouras, ser usada em vários trabalhos na propriedade – José Cláudio Brito Nogueira, dono da Fazenda Carapuça 2, em Três Pontas, conta que presenciou o outro lado, o de uma triste realidade. A fonte foi se degradando e praticamente se extinguiu com a seca que afetou o Sul de Minas e tantas outras regiões do Brasil, especialmente em 2014-2015. “Precisei fazer um poço artesiano”, recorda o empreendedor rural.  O recurso que existia ali, de graça, exigiu investimento alto para, embora enfraquecido, continuar sendo explorado. Mas até quando? Questionou José Cláudio – popularmente chamado Zeca. Refletindo que aquele elemento – essencial para a sobrevivência dos seres vivos e até mesmo para o seu agronegócio – poderia morrer, ele chegou à conclusão: “não quero que esta nascente acabe, jamais”, pensamento seguido de importante iniciativa. Zeca procurou pelo ecologista Sávio Martins, da empresa Compre Plantas, e iniciou um reflorestamento.

Sávio Martins explica que a vegetação formará uma barreira viva que protegerá a nascente do sol e de possíveis enxurradas que podem assorear a mina, obstruindo a saída da água. Após analisar a região, indicou. Sangra d’água, Embaúba foram plantadas perto da nascente. Um pouco acima, Guanandi – espécie encontrada desde a região Amazônica até o norte de Santa Catarina, principalmente na Mata Atlântica e que se adapta bem a vários tipos de terrenos. Coqueiros e frutíferas, tais como Pitangueira, entraram no planejamento.

Ciclo vital

O plantio programado, em muito pouco tempo, protegerá a superfície do solo, criando condições favoráveis para que a água da chuva se infiltre até chegar aos reservatórios subterrâneos e, consequentemente, à nascente. Assim, o abastecimento de água estará garantido, inclusive em épocas de seca.

Além de recuperar a mina, observa o empresário Sávio Martins, as árvores purificarão o ar, tornarão a temperatura mais prazerosa e vão atrair pássaros – fundamentais no processo de recuperação de toda a área, da mata ciliar à medida que dispersam sementes. Isto sem contar que plumagens e cantos deixarão o ambiente ainda mais agradável.

Entre as espécies escolhidas para a região da Carapuça 2, algumas terão copas formadas, oferecendo sombra, flores e frutos em 12 meses. 

Sangra d’água, Embaúba, Guanandi e Pitangueira estão entre as espécies selecionadas para o projeto na Fazenda Carapuça 2, em Três Pontas

Exemplo a ser seguido

Hoje, com as chuvas abundantes, a nascente da Fazenda apresenta um pouco mais de volume em comparação ao período em que esteve agonizando. Com a parceria firmada entre o produtor rural e a empresa Compre Plantas, tudo caminha para que a porção de água cresça gradativamente até que esteja totalmente restaurada. 

“Reflorestar é o caminho. Percebemos que as águas, com o passar dos anos, estão diminuindo. Se chove, elas aumentam um pouco, mas nossos reservatórios, nossas represas ainda estão aquém de suas capacidades. Não sabemos como será o futuro, então, a saída é mesmo o plantio de árvores e o custo benefício é infinitamente maior do que qualquer outro investimento. Cada um tem que fazer a sua parte”, descobriu Zeca a tempo de salvar a nascente e de promover mais vida na propriedade.

Três Pontas, uma terra carente em arborização

Quanto custa reflorestar? Depende da área. É possível com R$ 500, com R$ 2 mil, com R$ 3 mil revela Sávio Martins. Ainda assim, em Três Pontas – considerada a Capital Mundial do Café – o investimento em recuperação da flora é pequeno. A expectativa é que iniciativa como a tomada por José Cláudio seja seguida e torne o meio rural do município ainda mais produtivo, porém, de forma sustentável. 

Em relação à região urbana, um grupo de trespontanos procurou a Prefeitura, solicitando permissão para iniciar o plantio planejado. A ideia foi exposta ao prefeito Marcelo Chaves Garcia, ao secretário municipal de Meio Ambiente, Marcelo de Figueiredo Gomes e a outros integrantes da equipe ligada ao Executivo. Os voluntários vão se reunir nos próximos dias para dar andamento ao projeto. Em breve, o SintonizeAqui trará informações sobre mais esta prova de amor à natureza e de cidadania.

Número de árvores em ruas e avenidas de Três Pontas é deficitário. Necessidade de plantio é tema de trabalho acadêmico e de ação de voluntários (Foto: Eduardo Augusto)

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