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Livre Acesso – Independência? Três Pontas: Panorama de Acessibilidade no Município

Por Bruno Máximo

Vice-Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Três Pontas

Vice-presidente da Associação Trespontana dos Portadores de Deficiência (ATPD)

Hoje falarei um pouco acerca da acessibilidade em Três Pontas ou, no caso, a falta dela.

A cidade de Três Pontas, dentro das possibilidades, faz uma política voltada para muitas áreas, exceto para a acessibilidade.

Vemos reforma de praças, revitalização de algumas obras de arte espalhadas pela região urbana, vemos ações voltadas a vários setores do município… exceto para a acessibilidade.

Rampa para pessoas com deficiência totalmente inadequada (Foto: arquivo)

É possível encontrarmos rampas que dão para terrenos baldios, além de outras rampas inadequadas ao padrão de normas da ABNT (Norma 9050), então, não vemos padrão de acessibilidade no nosso município.

É comum, eu como pessoa com deficiência visual, me deparar com obstáculos em vários momentos do meu cotidiano ou me deparar com barreiras arquitetônicas espalhadas por toda a nossa cidade!

Noto a falta de inclusão em praças, nas repartições públicas e é comum aquela velha política da boa vizinhança. Ora, essas ajudas são tentativas frustradas de sanar coisas que –  do ponto de vista prático – soam como exclusão.

Lixo sobre calçada no Centro de Três Pontas obriga deficiente visual a transitar pela rua (Foto: Bruno Máximo)

Há pouco tempo vivenciei uma situação interessante e que acho importante ilustrar aqui, a título de informação: estava eu caminhando pela Rua Doutor Joaquim de Brito, Centro, quando a um quarteirão da Câmara Municipal, me deparei com vários sacos de lixo colocados na calçada. O que mais me chamou a atenção foi o detalhe de os sacos de lixo estarem colocados bem no meio da calçada e bem no rumo da rampa de acessibilidade usada pelos cadeirantes. Não tive alternativa; tive que sair da calçada pelo fato de não haver espaço no passeio para que eu pudesse caminhar.

Agora, a que ponto chegamos? A um quarteirão de uma das repartições públicas mais importantes do município, eu vou e me deparo com algo assim, tão eminente! É assustador, pois, por se tratar de uma área nobre do município, a gente parte do princípio de que as pessoas são supostamente mais cultas e educadas (ou não).

Mas fato é, que não é só nessa área aqui em Três Pontas que nos deparamos com esse desrespeito para com as pessoas com deficiência.

Obstáculos de todos os tipos: falta acessibilidade em Três Pontas, diz Bruno Máximo

Nós só queremos qualidade de vida, inclusão… lembrando que pagamos impostos também como qualquer cidadão e, muitas vezes, pagamos até por aquilo que não nos cabe, justamente pela questão qualidade de vida.

Devemos estar atentos, tendo como ponto de partida, a efetiva inclusão, não aquela inclusão artificial, que não levará a lugar algum, a não ser a reclamações.

Há um certo tempo, publiquei em minha rede social fotos de um determinado local onde as condições de uma pessoa com deficiência se locomover chegam a ser perigosas. Lixeiras colocadas no meio da calçada, postes colocados no meio da passagem dos pedestres ou calçadas estreitas ao ponto de cidadão algum conseguir caminhar por elas.

Devemos como sociedade incluir de forma a somar com as pessoas com deficiência, mas trabalhando juntos…

“Será que estamos dando a oportunidade de autonomia de forma igualitária a todas as pessoas?” (Bruno Máximo – Ilustração MP)

Existe uma frase dita na convenção da ONU em 2008: “Não há nada sobre nós sem nós” – que de tempos em tempos gosto de relembrar. Ora, como fazer políticas públicas voltadas para a pessoa com deficiência sem ouvir as pessoas mais interessadas no assunto?

Fica aí a reflexão para este 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil. Será que estamos realmente nos tornando independentes? Será que estamos dando a oportunidade de autonomia de forma igualitária a todas as pessoas?

Bom feriado a todos…

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