Educação, Cultura e Lazer

Coronavírus impede Encontro das Folias de Reis de TP, evento completaria 51 anos

Após as festividades do Réveillon, o calendário da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Três Pontas é anualmente aberto com o Encontro das Folias de Reis. O evento se tornou um marco na cidade – que tem fortes características culturais e religiosas – atraindo sempre numeroso público que acompanha a apresentação das Companhias e vibra com o “corta jaca dos marungos”, momento em que esses integrantes mascarados dançam euforicamente, numa espécie de disputa pelos olhares e aplausos da platéia. 

Encontro das Folias de Reis é marco festivo-cultural-religioso em Três Pontas (Foto: arquivo)

No ano passado, o Encontro completou 50 anos. Ao todo, nove Folias, uma Congada e um grupo de Moçambique de Três Pontas comemoraram na Praça Cônego Victor, sob a apresentação de João Batista Martimiano. Houve participação especial de uma Companhia de Reis de Varginha.  Como incentivo, a Prefeitura ofertou auxílio financeiro de R$ 1 mil para os grupos que seguiram recomendações, e o troféu também reconheceu o esforço das Companhias em manter o costume.

Há meio século integrando o calendário trespontano, o Encontro não aconteceu neste início de 2021. De acordo com o secretário, Alex Tiso Chaves, a festa seria no sábado passado, dia 6. No entanto, eventos – ainda mais os de grande porte, continuam proibidos em Três Pontas. Evitar aglomerações está entre as normas de prevenção ao novo Coronavírus, que até hoje (15), contaminou mais de 1.600 trespontanos, com 22 vítimas fatais.

A Secretaria sugeriu às Folias o registro em vídeo ou ainda uma “live”, mas os representantes dos grupos folclóricos optaram por “deixar tudo quieto”. Isso porque, explica Alex Tiso, eles já haviam decidido não peregrinar.

Nas Folias de Reis, as Bandeiras são Sagradas e decoradas com fitas e flores (Foto: arquivo)

Tão histórico quanto a manifestação passada de  geração em geração, quanto o Encontro anual foi a ausência da caminhada. Por unanimidade, as Folias de Reis chegaram ao acordo: a jornada não ocorreria. Cada uma delas tem em média 20 integrantes, maioria idosa, portanto, do grupo de risco para a Covid-19. De 25 de dezembro de 2020 a 6 de janeiro de 2021, não se ouviu o som peculiar das Companhias no cortejo pelas ruas da cidade: anunciando o nascimento do Menino Deus, levando às casas de cristãos instrumentos musicais, cânticos de louvor, mensagens de devoção. 

Desta vez, a pandemia calou a voz do patrimônio imaterial de Três Pontas. Sim, as Folias de Reis são oficialmente um bem do município. O atual vice-prefeito, Luis Carlos da Silva, em 2018, então presidente da Câmara, promulgou a Lei 4.224. Por meio dela, os vereadores possibilitaram o tombamento das festas e celebrações da Folia de Reis trespontanas. A intenção é assegurar o repasse de recursos que apoiem os grupos na confecção das fardas, compra e manutenção dos instrumentos, enfim, é garantir o suporte para a peregrinação e para a participação no Encontro anual. Como apoio, cada Companhia do Cadastro Municipal de Cultura recebeu R$ 2 mil no final de 2020, contempladas pela Lei Aldir Blanc. 

A pandemia silenciou o coro, mas há um outro detalhe nesse episódio: sendo Três Pontas uma cidade de fé, a Secretaria de Cultura e as Folias de Reis acreditam que, ainda este ano, haverá a apresentação em praça pública. O Encontro, defendem, que completaria 51 anos… completará! É sinal de que todos apostam na vitória do bem sobre esse mal chamado Covid-19.

Nos encontros anuais, a Bandeira de cada Folia é reverenciada no palco (Foto: arquivo cedido ao SintonizeAqui)

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