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Sem salário, sem trabalho – Escolas estaduais de Três Pontas paralisam aulas, professores mostram dificuldades que enfrentam para a comunidade e um deles cobra por escrito apoio dos deputados mineiros

Arlene B rito

Professores da rede estadual de ensino de Três Pontas realizaram nesta terça-feira (19) um trabalho diferente. Eles se espalharam no entorno das escolas onde atuam para conscientizar a comunidade sobre os problemas que têm enfrentado em relação ao não recebimento de seus salários em dia e a necessidade da paralisação das aulas. Os profissionais da Educação visitaram o comércio, associações, fizeram abordagens individuais, enfim, divulgaram que a suspensão das atividades continuará até que o Governo de Minas faça o pagamento da primeira parcela dos salários atrasados.

Escolas em Três Pontas MG Alunos Luto Educação

Alunos, professora aposentada e mãe de estudante reforçaram o movimento desta terça-feira na Escola Jacy Junqueira Gazola, em Três Pontas (Foto: Rozana Tavares)

A decisão foi tomada pela categoria durante o 11º Congresso do Sind-UTE/MG, realizado de 31 de maio a 3 de junho, em Belo Horizonte, depois que o Governo de Minas divulgou que o servidor público receberia a primeira parcela do salário no 13º dia útil do mês e não mais no 5º dia útil. Outra atitude do Governo que desagradou os professores é o pagamento integral em parcela única para as categorias com salário até R$ 3 mil líquidos e, para a Educação, parcelado em três vezes.

Para o Sindicato, as datas de pagamento para a Educação fogem completamente à política praticada para as demais categorias do funcionalismo. “A discriminação da Educação na política de pagamento que o Governo do Estado está praticando é inaceitável”, analisa o Sind-UTE/MG.

A categoria recebeu no dia 15 de junho, a metade da primeira parcela referente ao pagamento de maio. Para os aposentados, a situação também é grave e lamentável. Eles acabaram de se deparar com o depósito de R$ 500 em suas contas. 

O Sind-UTE tem convocado atos públicos realizados em Belo Horizonte e em todas as regiões de Minas para cobrar do governador Fernando Pimentel o pagamento dos salários, o fim do escalonamento e para dialogar com a comunidade escolar a respeito do que a categoria enfrenta. Sobre a escala, vale destacar que ficou definido pelo Governo que servidores com salário até R$ 3 mil líquidos recebem integralmente na primeira parcela, salários até R$ 6 mil líquidos são quitados na segunda parcela e valores acima de R$ 6 mil líquidos recebem o restante na terceira parcela. O fato da grande maioria dos professores mineiros ter direito à remuneração até R$ 3 mil e não desfrutar do pagamento em parcela única pesa para a atual paralisação. 

Em Três Pontas, os professores fizeram manifestações nesta segunda-feira, na Praça Cônego Victor e outro movimento pode acontecer amanhã (20) às 13 horas, também em frente à Matriz d’Ajuda. Todas as escolas estaduais da cidade aderiram à paralisação.

Educação professor Minas

Professores fazem manifestação no Centro da cidade  (Foto: Mário Fernandes / E. E. Pres. Tancredo Neves – Três Pontas/MG)

Professor clama apoio de deputados mineiros

O professor Mário Fernandes de Carvalho, vice-Diretor da E. E. Presidente Tancredo Neves, de Três Pontas, enviou para todos os deputados da Assembleia Legislativa de Minas um e-mail retratando as reais dificuldades impostas pelo Governo do Estado aos profissionais da Educação e cobrando apoio dos parlamentares. Confira.


Sr. Deputado.

Boa noite!

Não estou entendendo a postura do Exmo. Governador de MG em relação ao pagamento do salário dos seus servidores. Nós, professores, vítimas de total descaso, estamos vivendo um transtorno em nossas vidas: pagamentos parcelados em até 3 vezes e a primeira parcela, paga no meio do mês, o que já traz um descontrole total no planejamento orçamentário da família. Agora para completar o descaso com a categoria, estamos sem receber e não sabemos quando receberemos. A forma com que vem pagando gera juros para muitos servidores que já tinham datas pré-estabelecidas para a quitação de suas contas. Imagina agora, sem o salário, o professor com contas a vencer, despesas com alimentação, moradia, medicamentos e outras alusivas à sobrevivência, o que fazer? Somente uma alternativa restou: parar com suas atividades. Eis o motivo que impulsionou tantos professores a uma paralisação. Como trabalhar com qualidade sem receber seu salário e pensando em todos os seus compromissos descumpridos? Quem vai pagar por esta irresponsabilidade e esta falta de respeito para com o professor? Salário é sagrado. É dele que o servidor tira o básico para a sobrevivência. Digo básico, porque o salário do professor é pequeno e ainda não é visto como prioridade aos olhos do governador, que tem outras categorias de servidores como prioritárias. Não sabe ele que investir e priorizar a educação é o único caminho para a cidadania, a amenização, e até mesmo a extinção da criminalidade; exemplos acompanhados por todos em outros países que viram na Educação a única saída.

Sr. Deputado, reúna sua bancada e tome uma postura em prol do professor de seu Estado. Que ele, pelo menos, receba o seu salário em dia, de uma só vez e que saiba o dia em que vai receber. Por que a profissão que forma todas as demais é tão desvalorizada pelos senhores?

Conto com o apoio de V. Sa. na luta em prol da educação do Estado de MG e, principalmente, dos professores que tão bem e apesar de todos os contratempos, formam o cidadão. Tenho certeza que o Senhor deputado tem em sua família alguém com esta sublime profissão; e que V.Sa. e o Exmo. Governador chegaram onde chegaram, porque passaram por um PROFESSOR.

Att.

Mário Fernandes de Carvalho
E.E. Presidente Tancredo Neves


Greve escola

O professor Mário Fernandes acompanhado de colegas de trabalho na saída da Escola, ostentando faixa de protesto (Foto: E.E. Pres. Tancredo Neves)

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